Tem dias em que temos 20 coisas para fazer. Todas importantes e algumas urgentes. Outras, incrivelmente lindas e empolgantes. E sabe o pior? A gente SABE que tem capacidade de fazer todas elas. E sabia que piora: a gente QUER fazer. Mas, simplesmente… não faz.
Existe um fenômeno misterioso (quase espiritual, eu diria) que acontece quando o cérebro entra em modo: “só mais cinco minutinhos e eu começo”. E isso vira uma entidade que nunca chega.
No trabalho, isso dói de outro jeito. Porque tem prazo, salário e gente esperando. E eu cumpro, vai! Eu entrego e faço o que preciso fazer. Mas, às vezes, só depois de abrir 27 abas, reler o briefing por alto, tomar um café, respirar fundo, pensar na vida e olhar o cursor do Word piscando como quem diz: “vamos, mulher!!!!!!!!!”.
E mesmo nesses dias arrastados, eu faço. Talvez não na ordem mais lógica. Talvez não com a energia de uma pessoa plenamente equilibrada. Mas…
A gente tem que fazer, afinal, o desespero bate quando vem o pensamento: “eu preciso conseguir, eu dependo disso, meu aluguel depende disso, meu cartão roxinho não se paga sozinho…”. Só que o corpo parece não entender a urgência da coisa.
Nos projetos pessoais, então… o silêncio é ainda maior, afinal, essa pressão consumista do século XXI não existe. Somos só eu e meus mil planos, ideias, vontades que num dia me empolgam, no outro me esmagam. E aí o que eu faço? Adio o que é meu e o que eu projetei como “um cantinho de paz”.
Por quê? Não sei. Perfeccionismo? Medo de errar? Vontade de fazer do jeito certo? Talvez tudo junto.
O resultado é sempre o mesmo: eu não posto, não escrevo, não gravo e… não começo. Fico só ensaiando e me colocando em segundo, terceiro, quarto ou quinto lugar na minha própria lista de prioridades.
E isso significa que eu fico lá… tranquila… de boas… sem fazer nada?
Ah, meu caro… quem dera.
Enquanto tudo isso não acontece, minha mente tá ocupadíssima: revisando e-mails que já foram enviados ou mensagens que já foram lidas e nem sempre respondidas; limpando a área de trabalho ou o quarto (para aí sim fazer o que eu tinha que fazer); ouvindo podcasts sobre produtividade ou mesmo comprando um curso chamado “como não procrastinar” (irônico, eu sei). E a melhor de todas: organizando as ideias em listas que… adivinha? Quase — nunca viram ação.
E aí chega o momento em que eu só… estou… exausta.
Mas nem sei explicar direito o que, como, onde ou porquê eu fiz.
O fato é que PROCRASTINAR cansa mais do que REALIZAR! Só que ninguém fala sobre isso. E quando a gente fala… não tem bem uma conclusão. É só um monte de desabafos sobre essa culpa disfarçada de distração ou essa ansiedade que vem de estar sempre “se devendo alguma coisa”.
E, às vezes, tudo o que a gente queria era só… conseguir começar. Mas vamos lá… um dia de cada vez.
Hoje, por exemplo, eu consegui escrever, revisar e postar um texto. E, se você chegou até aqui, você conseguiu ler um texto inteiro (parabéns, viu?merecemos tapinhas nas nossas costas)!
Escrito por Baião de Uma (@sarahabianca) no site medium.com
